Sempre que eu leio este relato, as lágrimas descem pelo meu rosto. É maravilhoso saber que nosso trabalho não é vão no Senhor (1co 15:58)
Alguma vez
você já se perguntou o que resulta da distribuição de folhetos? O relato
abaixo, do pastor Dave Smethurst, de Londres, responde essa pergunta:
“É uma história extraordinária a que eu vou contar. Tudo começou há alguns anos
em uma Igreja Batista que se reúne no Palácio de Cristal ao Sul de Londres.
Estávamos chegando ao final do culto dominical quando um homem se levantou em
uma das últimas fileiras de bancos, ergueu sua mão e perguntou: “Pastor,
desculpe-me, mas será que eu poderia dar um rápido testemunho?” Olhei para meu
relógio e concordei, dizendo: “Você tem três minutos!” O homem logo começou com
sua história:
“Mudei-me para cá há pouco tempo. Eu vivia em Sydney, na Austrália. Há alguns
meses estive lá visitando alguns parentes e fui passear na rua George. Ela se
estende do bairro comercial de Sydney até a área residencial chamada Rock. Um
homem baixinho, de aparência um pouco estranha, de cabelos brancos, saiu da
entrada de uma loja, entregou-me um folheto e perguntou: ‘Desculpe, mas o senhor
é salvo? Se morrer hoje à noite, o senhor irá para o céu?’ – Fiquei perplexo
com essas palavras, pois jamais alguém havia me perguntado uma coisa dessas.
Agradeci polidamente pelo folheto, mas na viagem de volta para Londres eu me
sentia bastante confuso com o episódio. Entrei em contato com um amigo que,
graças a Deus, é cristão, e ele me conduziu a Cristo”.
Todos aplaudiram suas palavras e deram-lhe as boas-vindas, pois os batistas
gostam de testemunhos desse tipo.
Uma semana depois, voei para Adelaide, no Sul da Austrália. Durante meus três
dias de palestras em uma igreja batista local, uma mulher veio se aconselhar
comigo. A primeira coisa que fiz foi perguntar sobre sua posição em relação a
Jesus Cristo. Ela respondeu:
“Morei em Sydney por algum tempo, e há alguns meses voltei lá para visitar
amigos. Estava na rua George fazendo compras quando um homenzinho de aparência
curiosa, de cabelos brancos, saiu da entrada de uma loja e veio em minha
direção, ofereceu-me um folheto e disse: ‘Desculpe, mas a senhora já é salva?
Se morrer hoje, vai para o céu?’ – Essas palavras me deixaram inquieta. De
volta a Adelaide, procurei por um pastor de uma igreja batista que ficava perto
de minha casa. Depois de conversarmos, ele me conduziu a Cristo. Assim, posso lhe
dizer que agora sou crente".
Eu estava ficando muito admirado. Duas vezes, no prazo de apenas duas semanas,
e em lugares tão distantes, eu ouvira o mesmo testemunho. Viajei para mais uma
série de palestras na Mount Pleasant Church em Perth, no Oeste da Austrália.
Quando concluí meu trabalho na cidade, um ancião da igreja me convidou para
almoçar. Aproveitando a oportunidade, perguntei como ele tinha se tornado
cristão. Ele explicou:
“Aos quinze anos vim a esta igreja, mas não tinha um relacionamento real com
Jesus. Eu simplesmente participava das atividades, como todo mundo. Devido à
minha capacidade para negócios e meu sucesso financeiro, minha influência na
igreja foi aumentando. Há três anos fiz uma viagem de negócios a Sydney. Um
homem pequeno, de aparência estranha, saiu da entrada de uma loja e me entregou
um panfleto religioso – propaganda barata – e me fez a pergunta: ‘Desculpe, mas
o senhor é salvo? Se morrer hoje, o senhor vai para o céu?’ – Tentei
explicar-lhe que eu era ancião de uma igreja batista, mas ele nem quis me
ouvir. Durante todo o caminho de volta para casa, de Sydney a Perth, eu fervia
de raiva. Esperando contar com a simpatia do meu pastor, contei-lhe a estranha
história. Mas ele não concordou comigo de forma alguma. Há anos ele vinha me
incomodando e dizendo que eu não tinha um relacionamento pessoal com Jesus, e
tinha razão. Foi assim que, há três anos, meu pastor me conduziu a Cristo”.
Voei de volta para Londres e logo depois falei na Assembléia Keswick no
Lake-District. Lá relatei esses três testemunhos singulares. No final da série
de conferências, quatro pastores idosos vieram à frente e contaram que eles
também foram salvos, há 25-30 anos atrás, pela mesma pergunta e por um folheto
entregue na rua George em Sydney, na Austrália.
Na semana seguinte viajei para uma igreja semelhante à de Keswick e falei a
missionários no Caribe. Também lá contei os mesmos testemunhos. No final da
minha palestra, três missionários vieram à frente e explicaram que há 15-25
anos atrás eles igualmente haviam sido salvos pela pergunta e pelo folheto do
homenzinho da rua George na distante Austrália.
Minha próxima série de palestras me conduziu a Atlanta, na Geórgia (EUA). Fui
até lá para falar num encontro de capelães da Marinha. Por três dias fiz palestras
a mais de mil capelães de navios. No final, o capelão-mor me convidou para uma
refeição. Aproveitando a oportunidade, perguntei como ele havia se tornado
cristão.
“Foi um milagre. Eu era marinheiro em um navio de guerra no Pacífico Sul e
vivia uma vida desprezível. Fazíamos manobras de treinamento naquela região e
renovávamos nossos estoques de suprimentos no porto de Sydney. Ficamos
totalmente largados. Em certa ocasião eu estava completamente embriagado e
peguei o ônibus errado. Desci na rua George. Ao saltar do ônibus pensei que
estava vendo um fantasma quando um homem apareceu na minha frente com um
folheto na mão e perguntando: ‘Marinheiro, você está salvo? Se morrer hoje à
noite, você vai para o céu?’ – O temor de Deus tomou conta de mim imediatamente.
Fiquei sóbrio de repente, corri de volta para o navio e fui procurar o capelão.
Ele me levou a Cristo. Com sua orientação, logo comecei a me preparar para o
ministério. Hoje tenho a responsabilidade sobre mais de mil capelães da
Marinha, que procuram ganhar almas para Cristo”.
Seis meses depois, viajei a uma conferência reunindo mais de cinco mil
missionários no Nordeste da Índia. No final, o diretor da missão me levou para
comer uma refeição simples em sua humilde e pequena casa. Também perguntei a
ele como tinha deixado de ser hindu para tornar-se cristão.
“Cresci numa posição muito privilegiada. Viajei pelo mundo como representante
diplomático da Índia. Sou muito feliz pelo perdão dos meus pecados, lavados
pelo sangue de Cristo. Ficaria muito envergonhado se descobrissem tudo o que
aprontei naquela época. Por um tempo, o serviço diplomático me conduziu a
Sydney. Lá fiz algumas compras e estava levando pacotes com brinquedos e roupas
para meus filhos. Eu descia a rua George quando um senhor bem-educado, grisalho
e baixinho chegou perto de mim, entregou-me um folheto e me fez uma pergunta
muito pessoal: ‘Desculpe-me, mas o senhor é salvo? Se morrer hoje, vai para o
céu?’ – Agradeci na hora, mas fiquei remoendo esse assunto dentro de mim. De
volta a minha cidade, fui procurar um sacerdote hindu. Ele não conseguiu me
ajudar mas me aconselhou a satisfazer minha curiosidade junto a um missionário
na Missão que ficava no fim da rua. Foi um bom conselho, pois nesse dia o
missionário me conduziu a Cristo. Larguei o hinduísmo imediatamente e comecei a
me preparar para o trabalho missionário. Saí do serviço diplomático e hoje,
pela graça de Deus, tenho responsabilidade sobre todos esses missionários, que
juntos já conduziram mais de 100.000 pessoas a Cristo”.
Oito meses depois, fui pregar em Sydney. Perguntei ao pastor batista que me
convidara se ele conhecia um homem pequeno, de cabelos brancos, que costumava
distribuir folhetos na rua George. Ele confirmou: “Sim, eu o conheço, seu nome
é Mr. Genor, mas não creio que ele ainda faça esse trabalho, pois já está bem
velho e fraco”. Dois dias depois fomos procurar por ele em sua pequena moradia.
Batemos na porta, e um homenzinho pequeno, frágil e muito idoso nos saudou. Mr.
Genor pediu que entrássemos e preparou um chá para nós. Ele estava tão
debilitado e suas mãos tremiam tanto que continuamente derramava chá no pires.
Contei-lhe todos os testemunhos que ouvira a seu respeito nos últimos três
anos. As lágrimas começaram a rolar pela sua face, e então ele nos relatou sua
história:
“Eu era marinheiro em um navio de guerra australiano. Vivia uma vida
condenável. Durante uma crise entrei em colapso. Um dos meus colegas
marinheiros, que eu havia incomodado muito, não me deixou sozinho nessa hora e
ajudou a me levantar. Conduziu-me a Cristo, e minha vida mudou radicalmente de
um dia para outro. Fiquei tão grato a Deus que prometi dar um testemunho
simples de Jesus a pelo menos dez pessoas por dia. Quando Deus restaurou minhas
forças, comecei a colocar meu plano em prática. Muitas vezes ficava doente e
não conseguia cumprir minha promessa, mas assim que eu melhorava recuperava o
tempo perdido. Depois que me aposentei, escolhi para meu propósito um lugar na
rua George, onde centenas de pessoas cruzavam meu caminho diariamente. Algumas
vezes as pessoas rejeitavam minha oferta, mas também havia as que recebiam meus
folhetos com educação. Há quarenta anos faço isso, mas até o dia de hoje não
tinha ouvido falar de ninguém que tivesse se voltado para Jesus através do meu
trabalho”.
Aqui vemos o que é verdadeira dedicação: demonstrar amor e gratidão a Jesus por
quarenta anos sem saber de qualquer resultado positivo. Esse homem simples,
pequeno e sem dons especiais deu testemunho de sua fé para mais de 150.000
pessoas. Penso que os frutos do trabalho de Mr. Genor que Deus mostrou ao
pastor londrino sejam apenas uma fração da ponta do iceberg.
Só Deus sabe quantas pessoas mais foram ganhas para Cristo através desses
folhetos e das palavras desse homem. Mr. Genor, que realizou um enorme trabalho
nos campos missionários, faleceu duas semanas depois de nossa visita. Você pode
imaginar o galardão que o esperava no céu? Duvido que sua foto tenha aparecido
alguma vez em alguma revista cristã. Também duvido que alguém tenha visto uma reportagem
ilustrada a seu respeito. Ninguém, a não ser um pequeno grupo de batistas de
Sydney, conhecia Mr. Genor, mas eu asseguro que no céu seu nome é muito
conhecido. O céu conhece Mr. Genor, e podemos imaginar vividamente a
maravilhosa recepção que ele teve quando entrou por suas portas. (extraído de
Worldmissions – redação final: Werner Gitt)